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A CARNE É FORTE

Autores: Eduardo Filizzola e Flávio Renegado

Ali lado a lado comigo

Olhando no inverso sentido

Com a atenção voltada pro infinito

O ouvido cheio de cânticos e hinos

Morrendo com o corpo de ontem

Nascendo com a fome de hoje

Tudo ao contrário e deformado no espelho

Tudo passando no sinal vermelho

Mas a carne é forte

A mente é o norte

Desistir é morte

Ganhar é sorte

Tentaram me vender a ilusão

De um sociedade igualitária

Não acredito mais na televisão

E na sua justiça branca e sectária

Não importa o seu carro nem o seu dinheiro

Se for preto, é bala no suspeito

Tento ser franco,

Num país aonde

perguntam depois

E atiram primeiro

Logo eu, nascido na leste

coração ao norte

Hypado na Sul, Negão

Produto interno bruto

Diamante raro

Depois de lapidado

É tipo exportação

Baby, até me acho um band leader

Mas sou preto demais pra ter uma Boy Band

Numa nação em que racistas controlam o país

Revolucionário é ter um preto presidente!